"Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma Alma humana, seja apenas OUTRA Alma humana. " Carl Gustav Jung

terça-feira, 28 de junho de 2011

SESC Pompéia - 28 e 29 de junho- Conteúdos das peças



 Programação Projeto Escola em Cena - Abril 2011

SESC Pompéia

Espetáculo: O menino que abria portas - ERUMA VEZEU

Realização: Cia Articularte

Duração: 55 min

Classificação Etária: Ciclo 1 - 1º a 5º ano

Sinopse: O espetáculo trata da história de um velho meio caduco e bem humorado que conta e vive as aventuras de "Eruma Vezeu”, um menino que gostava de abrir portas para conhecer o seu quintal, a rua e o seu mundo. Abrindo portas, o menino Eruma Vezeu tem experiências divertidas e faz alguns amigos inseparáveis, entre eles o cachorro Trapo (que nasce a partir de um tapete) e o menino Lico. Juntos,eles aprontam muitas artes, para o desespero e diversão da vizinhança. Eruma Vezeu encontra, ainda, sua primeira namoradinha e continua com suas escapadas de liberdade, até que as últimas portas de sua infância sejam abertas. A peça fala das curiosidades e descobertas infantis, das amizades inesquecíveis, das experiências ingênuas, sempre com muita arte, humor e peripécia. Os cinco atores/manipuladores conseguem empreender uma animação intensa e eficiente ao espetáculo, que conta ainda com uma rica seleção musical, pesquisada por Raul Teixeira (CPT e Teatro Santa Cruz). O espetáculo ganhou o Prêmio PETROBRAS-FUNARTE de Fomento para produção de espetáculo (2006). O texto é de Luis Alberto de Abreu.

Sobre a Cia. Articularte

A companhia está completando 11 anos de atividades teatrais em 2011. Conta com 8 integrantes fixos e 9 peças que formam o atual repertório infantil (05 espetáculos de bonecos e 01, com atores). Nesses anos de atividades teatrais, desenvolveu diversas técnicas de animação. Procurando trabalhar sempre com compromisso cultural em suas pesquisas e espetáculos, a companhia ganhou o Prêmio Panamco 2000, Categoria Especial - Criação de Bonecos para o espetáculo A Cuca Fofa de Tarsila. Participou do Projeto Viagem Teatral - SESI (2000), da Caravana Paulista de Teatro/2000, da Secretaria do Estado da Educação. Em 2002, participou do Festival Nacional de Curitiba/Fringe com as peças: A Cuca Fofa de Tarsila e O Trenzinho Villa- Lobos, que também fez parte da Mostra Infantil de Bonecos (SESI); e do XI e XII Festival Espetacular de Teatro de Bonecos em Curitiba, de caráter internacional.



SESC Pompéia

Espetáculo: Projeto Contos Brasileiros: João do Rio e Márcia Denser

Realização: ---

Duração: 90 min

Classificação Etária: Ensino Médio e EJA

Sinopse: Leituras Dramáticas para o Ensino Médio, 1ª Edição de 2011:

O Projeto Contos Brasileiros visa formação de público para a literatura e teatro, ao apresentar leituras dramáticas de contos de autores brasileiros para o público da rede pública de ensino. Além das leituras, o projeto inclui um bate papo conduzido por um pesquisador de literatura, sobre os autores lidos a cada edição. A escolha do gênero conto é justificada pelo formato curto e apto para representar a escrita de seu autor. O público alvo deste projeto são estudantes de ensino médio.

O gênero textual conto é talvez a mais antiga forma de criação literária conhecida. Narrativa de estrutura concisa apresenta uma história com apenas um conflito e um clímax, muito semelhante ao mito e a lenda, seus possíveis ancestrais. Classificado como obra de ficção, possui narrador, personagens e enredo. Todos estes elementos tornam o conto um estilo versátil e flexível, pois permite expressar um acontecimento ou pensamento em poucas páginas ou parágrafos, facilitando o trânsito por diversos textos e autores e traçando prazerosos itinerários literários. Para Júlio Cortazar, conto é aquele texto que corre em poucas linhas e em alta velocidade narrativa, capaz de nocautear o leitor com seu impacto dramático concentrado. O potencial dramático do gênero é um trunfo e fator facilitador para apresentá-lo ao público sob o formato de leitura dramática. Sobretudo quando o objetivo do projeto é a sensibilização e formação de público tanto para a literatura quanto para as artes dramáticas.

As leituras dos contos escolhidos para esta Primeira Edição de 2011 do Projeto, são: “O bebê de tarlatana rosa” e “Dentro da noite“, de João do Rio, presentes em “Os cem melhores contos brasileiros do século”; e “Hell’s Angels” e “Um pingo de sensibilidade“, de Marcia Denser, presentes no livro Tango Fantasma. Após as leituras, um mediador conduzirá um bate papo com o público presente sobre os contos lidos e os escritores em questão.

A escolha nos autores João do Rio e Marcia Denser para iniciarmos as leituras partiu do recorte “O sexo da palavra”. Com este tema procuramos apresentar autores que tratassem das questões relacionadas á sexualidade sob o viés da literatura, nosso foco. Embora separados por um século, ambos são escritores que tratam da sexualidade a partir dos estereótipos construídos por seus contemporâneos. Ambos, com suas escritas refinadas, passeiam por aquelas zonas obscuras da psique humana através das obsessões e paixões de seus personagens.



Sobre os autores

João do Rio

João do Rio, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto ou simplesmente Paulo Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 1881. Mas não foi como Paulo Barreto que esse escritor ficou conhecido, e sim com um de seus inúmeros pseudônimos: João do Rio. Ao lado de Machado de Assis e Lima Barreto, Paulo Barreto, mulato, aliás, como os outros dois, completa a trinca da prosa urbana de melhor qualidade do início do século XX. Esse romancista, que também foi contista, jornalista, dramaturgo, cronista, conferencista e ensaísta, levou a fusão entre reportagem e crônica literária às últimas conseqüências, inovando a escrita existente até então. Pode-se dizer que o Rio de Janeiro da belle époque foi praticamente uma invenção desse que é o maior exemplo da literatura art nouveau brasileira. Sua vida e sua obra se confundem com a cidade, que ele soube retratar tão bem em seus múltiplos aspectos. Freqüentando desde importantes recepções presidenciais a centros espíritas dos subúrbios e rodas de samba nas favelas cariocas, ele se misturou à multidão para descrever a rotina da marginalidade da época. Além da cor de sua pele, que já era motivo de preconceitos, sua homossexualidade desafiava os padrões estabelecidos.

A essência da identidade carioca está presente nas linhas críticas e bem-humoradas deste João: a capacidade de criar soluções de sobrevivência, a paixão pela música, a riqueza do imaginário social, a espontaneidade da mistura cultural que constitui uma característica marcante da sociedade brasileira. Suas obras encenam o que mancha o projeto da cidade da virtude civilizada, que a ordem racional planejou trazem como mesma protagonista uma mulher chamada Diana Marini. Na narrativa mítica, Diana é uma jovem que opta por manter sua castidade, obtendo do pai a permissão para não se casar sendo considerada a partir deste momento a deusa dos bosques e da caça. Diana Marini, a protagonista do conto de Denser também se apresenta como caçadora, mas de homens. Daí que, uma análise possível de Hell’s Angels é aquela que nos mostra uma Diana que, embora busque se envolver com homens diversos, sem que deseje qualquer relacionamento duradouro com estes, não mantém a posição de caçadora por muito tempo. Durante o ato, se submete às vontades dos homens afastando-se do controle da situação criada. Na narrativa em questão, a protagonista relata mais uma de suas tantas caçadas, e desta vez se envolve Robi, um jovem motoqueiro de dezenove anos que a persegue pelo trânsito da cidade grande. A relação desenvolve-se com base em diferenças nítidas, tanto no que concerne à idade quanto à maturidade. O sentimento de superioridade intelectual se mescla ao de inferioridade física e, desse modo, a protagonista caracteriza Robi de modo meio monstruoso, pois o adolescente traz sob sua ótica o estereotipo daquilo que chama “o típico aleijão psíquico da idade”. A consciência da passagem do tempo, a certeza da perda da juventude dá um sabor às narrativas, um travo amargo como uma ressaca existencial. A impressão que fica nos leitores é a de que Diana Marini envelheceu.

Sobre o conto: Um pingo de sensibilidade, de Marcia Denser

Em “Um Pingo de sensibilidade”, de Márcia Denser, voltamos aos temas recorrentes de Márcia Denser: as personagens femininas surgem como aventureiras da cidade grande e insistem em aplacar sua solidão e suas carências disfarçando-se de mulheres modernas, maduras e resolvidas. Por meio das referências intertextuais, verifica-se a construção do universo cultural e simbólico dessas personagens que revelam uma face marcada ora pelo exacerbado intelectualismo, ora pela cultura popular. As personagens, num primeiro momento, mostram-se decididas, cheias de iniciativa e independentes, porém, quando submergem em relacionamentos afetivos ou sexuais, surge por trás da aparente modernidade a face da submissão; elas se mostram incapazes de afrontar o universo masculino. O erotismo se expressa no interior das narrativas e é marcado pela perspectiva histórica das personagens, explicitada pela maneira de articulação de uma pluralidade de referências intertextuais. Neste conto, ao final do expediente, a secretária de uma instituição pública assediada por telefone pelo chefe (Sr. Paulo, um velho senador e casado) que deprecia o namorado da moça para seduzi-la, marca um encontro em um prédio e diz que ela deve colaborar se quiser progredir na carreira. Eles têm uma relação sexual (fingida) e ao final do ato, o velho promete um futuro cargo a ela.


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